O fígado, muitas vezes referido como a central química do corpo, desempenha inúmeras funções essenciais, vitais para a manutenção da saúde geral. Da desintoxicação à regulação do metabolismo, a importância do fígado não pode ser exagerada. Consequentemente, qualquer interrupção no seu funcionamento pode desencadear diversos problemas de saúde. Os testes de função hepática (LFTs) surgem como ferramentas indispensáveis para avaliar a saúde do fígado e diagnosticar diversas doenças associadas à disfunção hepática. Este artigo investiga o papel crítico dos testes de função hepática na avaliação da saúde e no diagnóstico de doenças.
Compreendendo a função hepática
Antes de mergulhar nos testes de função hepática, é crucial compreender as diversas funções desempenhadas pelo fígado. O fígado auxilia na digestão, produzindo bile, o que facilita a digestão e absorção de gordura. Ele metaboliza nutrientes, desintoxica substâncias nocivas e sintetiza proteínas cruciais para a coagulação do sangue e outras funções corporais. Além disso, o fígado armazena glicogênio para obter energia e regula os níveis de açúcar no sangue. Dadas estas funções vitais, qualquer deficiência na função hepática pode ter consequências de longo alcance para a saúde.
Testes de função hepática: uma visão geral
Os testes de função hepática abrangem vários exames de sangue destinados a avaliar a saúde e a funcionalidade do fígado. Esses testes medem várias enzimas, proteínas e substâncias no sangue que indicam a saúde do fígado. Os componentes comuns dos testes de função hepática incluem alanina transaminase (ALT), aspartato transaminase (AST), fosfatase alcalina (ALP), bilirrubina e níveis de albumina.
ALT e AST são enzimas encontradas principalmente nas células do fígado. Níveis elevados dessas enzimas na corrente sanguínea indicam dano ou inflamação nas células do fígado. ALP é uma enzima presente em vários tecidos do corpo, incluindo fígado, ossos e dutos biliares. Níveis elevados de ALP podem sugerir distúrbios hepáticos ou ósseos. A bilirrubina é um pigmento amarelado produzido durante a degradação dos glóbulos vermelhos. Níveis elevados de bilirrubina podem indicar disfunção hepática ou problemas no fluxo biliar. A albumina é uma proteína sintetizada pelo fígado e níveis diminuídos podem indicar danos ou doenças hepáticas.
A Data Bridge Market Research analisa que o mercado de testes de função hepática, que foi de US$ 33,4 bilhões em 2021, deverá atingir US$ 57,39 bilhões até 2029, com um CAGR de 7,00% durante o período de previsão de 2022 a 2029.
Para saber mais sobre o estudo, acesse https://www.databridgemarketresearch.com/pt/reports/global-liver-function-test-market
Compreendendo os testes comuns de função hepática
Os testes de função hepática (LFTs) consistem em uma bateria de exames de sangue que visam avaliar a saúde e a funcionalidade do fígado. Esses testes fornecem informações valiosas sobre a função hepática e ajudam a diagnosticar várias doenças hepáticas. Aqui está uma análise mais detalhada de alguns dos testes de função hepática comuns:
- Alanina Transaminase (ALT) e Aspartato Transaminase (AST): ALT e AST são enzimas encontradas nas células do fígado, mas também estão presentes em quantidades menores em outros tecidos. Quando as células do fígado são danificadas, essas enzimas vazam para a corrente sanguínea, causando níveis elevados. ALT às vezes é chamada de SGPT, enquanto AST é conhecida como SGOT. Níveis elevados de ALT e AST podem indicar danos ou doenças hepáticas, embora a AST também possa estar elevada devido a danos musculares.
- Fosfatase Alcalina (ALP): ALP é uma enzima encontrada no fígado, ossos e outros tecidos. Níveis elevados de ALP podem sugerir danos ou doenças no fígado, como bloqueio do ducto biliar ou certas doenças ósseas. ALP é crucial para quebrar proteínas no corpo.
- Albumina e Proteína Total: A albumina é uma proteína produzida pelo fígado e é essencial para diversas funções corporais, inclusive no combate a infecções. Níveis inferiores ao normal de albumina e proteína total podem indicar danos ou doenças hepáticas, bem como problemas gastrointestinais ou renais.
- Bilirrubina: A bilirrubina é uma substância produzida durante a degradação dos glóbulos vermelhos. Níveis elevados de bilirrubina podem indicar danos ou doenças hepáticas, bem como condições como obstrução dos dutos hepáticos ou certos tipos de anemia.
- Gama-glutamiltransferase (GGT) e L-lactato Desidrogenase (LD): GGT e LD são enzimas encontradas no sangue, com níveis elevados potencialmente indicando danos ao fígado ou ao ducto biliar. No entanto, níveis elevados de LD também podem ser causados por várias outras condições.
- Tempo de Protrombina (TP): PT mede o tempo que leva para o sangue coagular. O aumento do TP pode sugerir danos ao fígado, embora também possa ser influenciado por medicamentos para afinar o sangue, como a varfarina.
Compreender o significado destes testes comuns de função hepática é crucial para diagnosticar doenças hepáticas e avaliar a saúde geral do fígado. O monitoramento e a interpretação regulares desses testes permitem que os profissionais de saúde intervenham prontamente e formulem estratégias de manejo adequadas para garantir a função hepática ideal e o bem-estar geral.
Importância dos testes de função hepática na avaliação da saúde
Os testes de função hepática são fundamentais para avaliar a saúde geral e detectar sinais precoces de disfunção hepática. O rastreio de rotina com testes de função hepática pode auxiliar na detecção precoce e no tratamento de doenças hepáticas, prevenindo assim potenciais complicações. Por exemplo, níveis elevados de ALT e AST podem ser os primeiros indicadores de inflamação ou lesão hepática, permitindo que os profissionais de saúde intervenham prontamente. Da mesma forma, níveis anormais de bilirrubina podem sinalizar distúrbios hepáticos ou do ducto biliar que requerem investigação adicional.
Além disso, os testes de função hepática podem fornecer informações valiosas sobre a eficácia de certos medicamentos e tratamentos. Certos medicamentos podem ter efeitos hepatotóxicos, o que significa que podem causar danos ao fígado. A monitorização da função hepática através de testes regulares permite que os prestadores de cuidados de saúde ajustem as dosagens dos medicamentos ou mudem para tratamentos alternativos, se necessário, salvaguardando assim a saúde do fígado e garantindo ao mesmo tempo uma gestão eficaz das condições subjacentes.
Detectando e diagnosticando doenças hepáticas
Os testes de função hepática desempenham um papel fundamental na detecção e diagnóstico de várias doenças hepáticas, desde doença hepática gordurosa até hepatite viral e cirrose. A doença hepática gordurosa não alcoólica (DHGNA) está se tornando cada vez mais prevalente, impulsionada por fatores como obesidade e síndrome metabólica. Níveis elevados de ALT são frequentemente o indicador inicial de DHGNA, exigindo avaliação adicional através de estudos de imagem ou biópsias hepáticas para confirmação.
A hepatite viral, causada pelos vírus da hepatite (A, B, C, D e E), é outra grande preocupação em todo o mundo. Os testes de função hepática ajudam a identificar infecções por hepatite, detectando enzimas hepáticas elevadas e níveis anormais de bilirrubina. Testes sorológicos subsequentes podem determinar o tipo específico de vírus da hepatite responsável pela infecção, orientando as decisões de tratamento.
As doenças hepáticas crónicas, como a cirrose, também podem ser detectadas através de testes de função hepática. À medida que a lesão hepática progride, os níveis de enzimas hepáticas podem flutuar e outros marcadores da função hepática, como os níveis de albumina, podem diminuir. Estas alterações nos resultados dos testes de função hepática podem fornecer informações valiosas sobre a gravidade e progressão da doença hepática, ajudando os prestadores de cuidados de saúde a formular estratégias de gestão adequadas.
Os testes de função hepática também são indispensáveis na monitorização de pacientes com doenças hepáticas, permitindo aos prestadores de cuidados de saúde acompanhar a progressão da doença, avaliar a eficácia do tratamento e detectar complicações como insuficiência hepática ou hipertensão portal.
A doença hepática crónica (DHC) representa um desafio de saúde global significativo, afetando aproximadamente 1,5 mil milhões de indivíduos em todo o mundo. A doença hepática gordurosa não alcoólica (DHGNA) destaca-se como a mais prevalente, afetando 59% dos casos, seguida pela hepatite B (29%), hepatite C (9%) e doença hepática alcoólica (DHA) (2%). Simultaneamente, a infecção pelo vírus da hepatite B (HBV) continua a ser uma preocupação premente, afectando cerca de 2 mil milhões de pessoas anualmente, resultando em 1 milhão de mortes.
Dada esta formidável carga de doenças hepáticas, prevê-se um aumento na procura de produtos de diagnóstico de doenças hepáticas. Espera-se que esse aumento na demanda impulsione um crescimento substancial no mercado de diagnóstico de doenças hepáticas. Com a crescente ênfase na detecção e gestão precoces, juntamente com a crescente consciencialização sobre a prevalência e gravidade das doenças hepáticas, prevê-se que o mercado de ferramentas e tecnologias de diagnóstico que atendem às doenças hepáticas testemunhe uma expansão significativa. Este crescimento não só reflecte a necessidade premente de diagnósticos eficazes, mas também sublinha a necessidade de abordar as doenças hepáticas de forma abrangente à escala global.
O impacto do COVID-19 no fígado
A pandemia de COVID-19 não só representou uma ameaça significativa para a saúde respiratória, mas também levantou preocupações sobre o seu impacto em vários outros sistemas orgânicos, incluindo o fígado. Embora a manifestação primária da COVID-19 envolva sintomas respiratórios, evidências emergentes indicam uma associação notável entre a COVID-19 e lesões hepáticas.
O envolvimento hepático na COVID-19 pode apresentar-se de diversas formas, desde anomalias ligeiras nos testes de função hepática até lesão hepatocelular grave e colestase, com potencial progressão para insuficiência hepática em casos graves. Níveis elevados de enzimas hepáticas, como alanina aminotransferase (ALT) e aspartato aminotransferase (AST), têm sido consistentemente observados em pacientes com COVID-19, indicativos de inflamação e danos no fígado.
Os mecanismos subjacentes que contribuem para a lesão hepática na COVID-19 são multifacetados. Um mecanismo plausível envolve a invasão direta das células do fígado pelo vírus SARS-CoV-2 através do receptor da enzima conversora de angiotensina 2 (ACE2), que é abundantemente expresso nas células do fígado. Esta invasão viral direta pode levar à lesão hepatocelular e subsequente disfunção hepática. Além disso, a resposta inflamatória sistémica desencadeada pela COVID-19, caracterizada pela síndrome de libertação de citocinas, pode exacerbar a inflamação hepática e prejudicar a função hepática. Além disso, a hipóxia resultante de comprometimento respiratório grave em pacientes gravemente enfermos pode comprometer ainda mais a função hepática.
Além disso, indivíduos com doenças hepáticas pré-existentes, como doença hepática gordurosa não alcoólica (DHGNA), hepatite viral ou cirrose, podem correr um risco aumentado de sofrer lesões hepáticas mais graves devido à COVID-19. Por outro lado, a lesão hepática induzida pela COVID-19 pode exacerbar condições hepáticas pré-existentes, levando potencialmente a piores resultados clínicos e aumento das taxas de mortalidade.
As implicações clínicas da lesão hepática associada à COVID-19 vão além da fase aguda da doença. As complicações hepáticas a longo prazo, incluindo o desenvolvimento ou exacerbação de doenças hepáticas crónicas, como fibrose e cirrose, são áreas de investigação em curso. As consequências duradouras da lesão hepática relacionada com a COVID-19 podem ter um impacto significativo nas taxas globais de morbilidade e mortalidade entre os indivíduos afetados.
Além disso, a pandemia de COVID-19 trouxe desafios adicionais relativamente à saúde do fígado, particularmente no contexto do aumento do consumo de álcool durante períodos de confinamento e isolamento social. Um estudo publicado em dezembro de 2021 indica um aumento substancial, com o consumo de álcool nos Estados Unidos aumentando até 25%. Este aumento representa uma grave ameaça a longo prazo, elevando significativamente o fardo da morbilidade e mortalidade relacionadas com a doença hepática associada ao álcool (ALD).
As projeções sugerem que, até 2040, este aumento no consumo de álcool poderá levar a mais 8.000 mortes por ALD, 18.700 casos de insuficiência hepática e 1.000 casos de cancro do fígado. Estas projecções sublinham a necessidade urgente de ferramentas de diagnóstico avançadas para satisfazer a crescente procura de cuidados médicos. Capacidades de diagnóstico melhoradas são cruciais para a detecção e intervenção precoces, facilitando cuidados médicos oportunos e apropriados para indivíduos em risco de complicações relacionadas com ALD.
Em conclusão, os testes de função hepática (TFH) constituem ferramentas indispensáveis na avaliação da saúde geral e no diagnóstico de diversas doenças hepáticas. Dado o papel central do fígado na manutenção das funções corporais, qualquer perturbação na sua função pode ter consequências profundas para a saúde. Os testes de função hepática, ao medirem enzimas, proteínas e substâncias indicativas da saúde do fígado, fornecem informações valiosas sobre a função hepática e auxiliam na detecção precoce e no tratamento de doenças hepáticas. A importância dos testes de função hepática é particularmente destacada no contexto da pandemia de COVID-19, onde o envolvimento do fígado emergiu como uma preocupação notável. À medida que as doenças hepáticas continuam a representar desafios significativos à saúde global, prevê-se que a procura por ferramentas de diagnóstico avançadas aumente. As capacidades de diagnóstico melhoradas não só permitem a detecção precoce, mas também facilitam a intervenção atempada, contribuindo, em última análise, para melhores resultados e redução das taxas de morbilidade e mortalidade associadas às doenças hepáticas.